Noé: interpretado por Russell Crowe (Gladiador; Uma Mente Brilhante) no papel de Noé, Anthony Hopkins (Silêncio dos Inocentes) como Matusalém; Jennifer Connelly (Uma Mente Brilhante) como a esposa de Noé. O filme foi dirigido por Darren Aronofsky (Cisne Negro) e roteiro ficou a cargo de John Logan (Gladiador; 007 - Skyfall). 
Foi inevitável ver a reação de vários cristãos nas redes sociais com o discurso: "É cheio de heresia"; "Não é fiel à Bíblia" e mais um monte de reclamações.
Eu sou apaixonado por filmes e sei do lance de adaptação livre, mas concordo que houve um exagero dessa adaptação livre em ambos os filmes, principalmente em Noé. E como grande parte dos filmes que são baseados em livros, houve decepção. Também me pergunto como fazer um filme bíblico e não se basear na Bíblia?!
Então já dá para imaginar o tanto de "mi mi mi" e "chororô" nas redes sociais à respeito de ambos os filmes, com direito inclusive de tentativa de mobilização de boicote aos filmes nos cinemas. Foi uma verdadeira onda de reclamações.
Agora, me pergunto: Se ficamos indignados quando Hollywood comete heresias com filmes bíblicos, porque também não nos indignamos quando as heresias partem de nossos púlpitos? Por que nos revoltamos quando pessoas ignorantes de Bíblia cometem interpretações grotescas e não nos revoltamos quando "profundos conhecedores" distorcem as Escrituras ao seu bel prazer? E por que quando alguns de nós resolvemos denunciar falsos profetas e distorções vejo os mesmos "mi mi mis" e vejo repleto de "não toqueis no ungido", "não julgueis", etc.?
Antes de tudo, o que significa "não toqueis no ungido"? Isso é baseado na história de Davi, quando esse fugia de Saul, não ousou matá-lo quando teve oportunidade como por exemplo em 1 Samuel 24. Esse "não tocar" significa literalmente tocar, colocar a mão, matar, e não tem nada a ver com as desculpas esfarrapadas que vejo por aí! Para falar a verdade, essa expressão "não toqueis no ungido" tem mais conotação de ser um belo "cala a boca" de líderes que estão com má intenção e querem conduzir o rebanho como gado, proibindo-os de pensar e de colocarem à luz do Palavra o que se é dito nos púlpitos.
E o famoso "não julgueis" que as pessoas amam gritar dos telhados baseados apenas em Mateus 7? Realmente, o cristão pode julgar? Em se tratando de heresias ele pode e deve! Em 1 Coríntios o próprio apóstolo Paulo pede para julgarem aquilo que ele mesmo escreve: "Falo como a criteriosos, julgais vós mesmos o que digo" (1 Coríntios 1:15). O próprio Jesus nos disse: "Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça" (João 7:24). O que Jesus quis dizer em Mateus 7 foi o julgamento hipócrita por parte dos fariseus, que julgavam segundo a aparência.
Em 1 Tessalonicenses, Paulo nos fala: "Julgai todas as coisas, retendo o que é bom" (1 Ts 5:21). Antes de reter o que é bom, temos que julgar aquilo que está sendo dito! Sermos como os crentes de Bereia de Atos 17:11 que examinavam as Escrituras para ver se aquilo que Paulo estava falando condizia com as Escrituras.
E quando a pessoa recebe uma "revelação" de Deus sobre um texto bíblico ou mesmo uma profecia, também podemos julgar? Sim! "E falem dois ou três profetas, e os outros julguem" (1 Coríntios 14:29).
Como vocês podem ver, não existe essa balela de "não toqueis no ungido" e nem "não julgueis" como desculpa para se denunciar erros doutrinários e teológicos que são vomitados dos púlpitos. Você não é obrigado a dizer "amém" para tudo como se fosse uma pessoa sem entendimento e sem intelecto. Não caia nessa onda de "inquisição evangélica" onde você é proibido de falar contra falsos mestres e lobos em pele de cordeiro.
Até quando vamos nos escandalizar com ímpios querendo fazer filmes bíblicos e não vamos nos voltar contra líderes "ungidos" que distorcem a Palavra na cara dura? Mas quero deixar uma coisa clara: se você for contra um erro doutrinário, vá embasado na Palavra e não em achismos! Firmem-se na Palavra, estude-a, examinem-se a si mesmos, não tenham medo de fazer isso!
Que o Senhor os abençoe!
Gustavo Hoft
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